Em um cenário onde as tentativas de golpe se multiplicam a cada segundo, é fundamental adotar medidas eficazes para blindar seus recursos. Este artigo apresenta um panorama completo das fraudes, revela as estratégias dos criminosos e oferece orientações práticas para manter seu patrimônio intacto.

Cenário atual das fraudes financeiras no Brasil

Em fevereiro de 2025, foram evitadas mais de 1,1 milhão de tentativas de fraude, o que significa uma tentativa a cada 2,2 segundos. Esse número representa um crescimento de 37,4% em relação ao mesmo período do ano anterior e alerta para uma curva ascendente.

O Pix consolidou-se como principal alvo: entre janeiro e setembro de 2025, registraram-se 28 milhões de golpes envolvendo transferências instantâneas. A simplicidade e a velocidade do sistema atraem criminosos de diferentes perfis.

Dados apontam que, entre julho de 2024 e junho de 2025, 24 milhões de pessoas sofreram prejuízos que variam de R$ 10 a R$ 112 bilhões, valor subnotificado pela baixa formalização de denúncias. Além disso, o setor bancário e de cartões bateu recorde no primeiro trimestre de 2025, com quase 1,9 milhão de tentativas, que teriam causado um rombo de R$ 15,7 bilhões se bem-sucedidas.

Principais modalidades de fraudes e golpes digitais

As fraudes financeiras correspondem a 47% dos crimes virtuais, seguidas por roubo de identidade (15%), vazamento ou invasão de dados (22%) e fraudes em e-commerce (16%).

Entre os principais golpes, destacam-se:

• Golpes via Pix: aplicados por meio de QR Codes falsos, engenharia social e contas-⁠laranja.

• Compras online: mais de 2,7 milhões de casos em 2025, envolvendo lojas falsas e produtos inexistentes.

• WhatsApp: invasão de contas para pedir dinheiro a amigos e familiares, totalizando 1,6 milhão de ocorrências.

• Phishing: 1,5 milhão de tentativas de coleta de dados por e-mail ou mensagem simulando comunicações oficiais.

• Falsas centrais de atendimento: contatos telefônicos ou chats fraudulentos com volume similar ao phishing.

Além disso, houve um aumento de 10% nas fraudes baseadas em URLs suspeitas e o uso de sistemas de engenharia social sofisticada aliou-se a deepfakes para persuadir vítimas a transferirem valores ou compartilharem dados sensíveis.

Como agem os criminosos

O crime digital evoluiu com a adoção de inteligência artificial, tornando as iscas mais realistas e difíceis de detectar. Mensagens, chamadas e interfaces web são criadas para imitar instituições confiáveis.

Os setores mais visados são bancos e cartões (54,3%), serviços (31,8%), financeiras (6,6%), telefonia (5,6%) e varejo (1,7%).

Quanto às vítimas, pessoas entre 26 e 50 anos representam 59,5% dos alvos, enquanto idosos acima de 50 anos concentram 53% das fraudes de maior impacto. As regiões Norte e Nordeste registraram crescimento acentuado, ainda que o Sudeste mantenha o maior volume absoluto.

Impacto financeiro

As estimativas de perdas no último ano variam entre R$ 10 bilhões e R$ 112 bilhões, influenciadas pela subnotificação. Se todas as tentativas no setor bancário tivessem sucesso, o prejuízo ultrapassaria R$ 15,7 bilhões.

Esses danos afetam tanto consumidores quanto empresas, que enfrentam elevação nos custos operacionais, seguros mais caros e abalo reputacional.

Tendências e desafios na prevenção

A adoção de biometria facial e documentoscopia evitou 78,1% das fraudes por inconsistências cadastrais, representando 41,7% dos casos de sucesso na detecção. A validação de dispositivos corresponde a 7,5% das defesas.

No campo legal, o Marco Civil da Internet impõe responsabilidade aos provedores sobre guarda, sigilo e bloqueio de conteúdo lesivo, enquanto instituições financeiras definem políticas de reembolso e cooperação no combate às fraudes.

Entretanto, muitas vítimas deixam de denunciar por vergonha ou desconhecimento, dificultando a formulação de políticas públicas eficazes.

Recomendações e estratégias para proteção

Para manter seu patrimônio seguro, adote medidas preventivas tanto no âmbito pessoal quanto empresarial:

Cuidados pessoais:

• Nunca compartilhe senhas, códigos de autenticação ou dados pessoais.
• Desconfie de ofertas vantajosas e de solicitações urgentes de transferência.
• Utilize autenticação em dois fatores e atualize senhas regularmente.
• Verifique a autenticidade de contatos bancários antes de fornecer informações.
• Evite clicar em links suspeitos em mensagens ou e-mails.

Para empresas:

• Invista em tecnologias de biometria e inteligência artificial para validação de clientes.
• Treine colaboradores e clientes para reconhecer tentativas de fraude.
• Implemente processos de notificação e bloqueio imediato de operações suspeitas.
• Estabeleça políticas claras de reembolso e suporte às vítimas.

Além disso, políticas públicas devem incentivar a formalização de denúncias e promover programas de educação financeira e digital para os mais vulneráveis.

Dados regionais e demográficos

O Sudeste concentra quase metade das ocorrências, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Norte e Nordeste apresentam os maiores crescimentos percentuais recentes.

Esses números demonstram que, embora algumas áreas apresentem índices menores, ninguém está totalmente livre de riscos.

Em um ambiente de ameaças constantes, a proteção do seu patrimônio depende de informação, vigilância e adoção de boas práticas. Só assim você estará preparado para enfrentar e neutralizar qualquer tentativa de fraude.